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- 17 nov 2021
Dizem que os olhos são espelhos da alma. Porém o que muitos não sabem é que mais do que revelar o que sentimos, os olhos podem ajudar no diagnóstico de doenças, não só oculares como também sistêmicas.
Nesse contexto, os olhos, na verdade, são como uma janela através da qual se enxerga a saúde do organismo de uma maneira geral. Isso ocorre porque o fundo do olho é o único local do corpo humano onde se pode examinar diretamente, sem método invasivo, os nervos, vasos e artérias.
Assim, é possível diagnosticar e avaliar a evolução de doenças como hipertensão arterial, diabetes, doenças reumáticas, doenças neurológicas, doenças hematológicas, ou qualquer outra que resulte em alteração vascular, sanguínea ou nos nervos.
O que devo saber sobre o exame?
Chamado também de fundoscopia, o exame de fundo de olho é realizado com a ajuda de um oftalmoscópio. Por meio deste, é projetada uma luz dentro do olho do paciente e, mediante a reflexão dessa luz, é possível observar as estruturas presentes no fundo do olho. Em geral, para facilitar e ampliar a visão da retina, o médico utiliza colírio para dilatar a pupila ( menina dos olhos).
Existem dois tipos de fundoscopia, a forma direta e a indireta. Na direta, realizada geralmente por um clínico geral, utiliza-se um oftalmoscópio direto – aparelho simples e portátil – que permite obter uma visão ampliada da retina, mas com campo de visão mais restrito, uma vez que possibilita ver apenas as regiões centrais do fundo de olho. Já a forma indireta, realizada especialmente por um oftalmologista com equipamentos mais complexos e maiores, embora ere uma ampliação menor da retina, permite a sua visualização completa.
Vale lembrar que o exame é importante para todas as faixas etárias:
Recém-nascidos e bebês: o exame deve ser feito logo após o parto, pois quanto mais cedo uma anomalia for diagnosticada, mais eficaz será o tratamento e a possibilidade de reversão da doença. Sendo imprescindível a realização em prematuros ou crianças cujas mães durante a gestação tiveram algum tipo de infecção.
Adultos: nessa fase o exame deve ser realizado regularmente para diagnosticar precocemente doenças locais ou doenças que predisponham a males na região dos olhos como hipertensão arterial e diabetes.
Idosos: no envelhecimento, o exame pode detectar o surgimento de drusas (depósitos de cristais brancos ou levemente amarelados) na retina, que podem levar à cegueira e degenerações maculares próprias da idade; além de ajudar no controle de doenças sistêmicas já existentes.
Como ocorre o diagnóstico da hipertensão por meio dos olhos?
Conhecida como “pressão alta”, a hipertensão é uma doença em que a pressão arterial é, sistematicamente, igual ou maior que 14 por 9. Muito comum na população, segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), a doença acomete uma em cada quatro pessoas adultas. Estima-se que atinja em torno de, no mínimo, 25% da população brasileira adulta, chegando a mais de 50% após os 60 anos e está presente em 5% das crianças e adolescentes no Brasil.
Como a hipertensão arterial é silenciosa e assintomática, poucas queixas são relatadas pelos pacientes. Quando a pessoa está com a pressão alta, os vasos ficam contraídos, muitas vezes com estreitamentos e formas tortuosas, além de pequenos edemas ou hemorragias, podendo gerar, ainda, a oclusão (entupimento) dos vasos que irrigam a retina e, dependendo do vaso afetado, causar até a perda de visão. Além disso, em aumentos muito extremos da pressão podem ocorrer também inchaço do nervo óptico e até descolamento da retina.
O que seus olhos dizem: saiba o que cada sintoma pode indicar!
Pupila contraída: pode ser resultado de toxoplasmose, doenças reumáticas autoimunes, herpes, tuberculose, lepra ou certos tipos de leucemia;
Pupila dilatada: pode estar relacionada a tumores, glaucoma, trauma, doenças do sistema nervoso central;
Visão dupla: pode apontar presença de tumor intracraniano, acidentes vasculares centrais, traumas e hiperglicemia;
Olhos saltados e inchaço: são sinais, principalmente, de distúrbios de tireoide;
Cegueira momentânea: pode indicar tumor intracraniano, má circulação no cérebro ou arritmia cardíaca;
Visão borrada: borrões ou manchas vermelhas persistentes nas áreas brancas de ambos os olhos podem sinalizar diabetes, sangramento ocular, inflamação ou hipertensão arterial;
Olho seco: a falta de lágrima pode ser causada por disfunções hormonais, a menopausa e até Síndrome de Sjögren – doença reumática crônica. A menopausa causa mudanças nos níveis dos hormônios, afetando entre outras coisas, os mecanismos de lubrificação dos olhos;
Vermelhidão: viroses ou infecções localizadas podem causar vermelhidão nos olhos. Outros possíveis sintomas são: dor ao redor dos olhos, sensibilidade à luz e olhos lacrimejantes;
Anéis ao redor da íris: um anel branco com aspecto leitoso ao redor da íris pode ser um sinal de colesterol alto. Ele é causado por uma deposição de gordura na córnea, a área clara do olho.
Lembre-se que, em qualquer sintoma, a melhor opção é consultar um oftalmologista. Só ele poderá dar o diagnóstico correto e indicar o melhor tratamento para você.
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Fonte: CBO – Conselho Brasileiro de Oftalmologia