O diagnóstico do ceratocone e alguns pontos que são fundamentais

  • O diagnóstico do ceratocone e alguns pontos que são fundamentais

    O diagnóstico do ceratocone é tipicamente feito na segunda década de vida. Por se tratar de uma doença de origem genética, com caráter progressivo, podendo afetar a visão a ponto de ser indicado um transplante de córnea, é comum que toda a família fique abalada e envolvida.

    Verifica-se no dia a dia do consultório, que um esclarecimento adequado traz maior tranquilidade e conforto para a família. Além disso, faz com que o paciente entenda mais sobre sua condição, como acompanhar e as opções terapêuticas.

    Destacamos alguns pontos que são fundamentais:

    • É muito raro que o ceratocone esteja relacionado com uma evolução para cegueira.

    • Ceratocone é uma das maiores causas de transplante de córnea, mas menos que 10% dos ceratocones evoluem para transplante, que é a última opção.

    • O transplante de córnea é o mais bem sucedido entre os transplantes de órgãos sólidos na Medicina, sendo que o ceratocone está entre as indicações com melhores prognósticos.

    • Novas técnicas de transplante lamelar (camadas específicas da córnea ao invés de total ou penetrante) trazem melhores resultados e maior segurança.

    • Existe um componente genético que é, cada vez mais, bem elucidado. Apesar da comprovada associação com hereditariedade (transmissão familiar), casos isolados podem ocorrer. Adicionalmente, mesmo em famílias com alta prevalência da doença, nem todos vão ter ceratocone.

    • É uma doença progressiva. Tanto o diagnóstico da doença como a verificação de sua progressão dependem de exames especiais, destacando-se a topografia da córnea (estudo da superfície).

    •  O trauma contínuo representa o maior fator de risco para piora da doença. Com isso, deve ser proibido coçar os olhos. O tratamento de alergias deve ser feito em conjunto.

    • Outros exames vêm sendo cada vez mais bem estudados.

    • Tomografia da córnea (estudo 3D da arquitetura da córnea),

    • Análise da f rente de onda ocular (wavefront ou aberrometria – estudo das aberrações do olho, além do grau de miopia ou hípermetropia e astigmatismo)

    • Estudo biomecânico da córnea (caracterização do estado biológico da córnea)

    • O tratamento pode ser tentado inicialmente com óculos, sendo o wavefront ocular total pode ajudar no exame da refração.

    • As lentes de contato representam a forma mais eficiente para a grande maioria de pacientes. Existem diversas lentes com propriedades distintas que devem ter sua indicação individualizada ou personalizada para cada caso.

    • Apesar de representarem a forma mais eficaz de melhorara visão do paciente, a má adaptação pode estar relacionada com a progressão da doença.

    • Nenhuma comprovação científica controlada suporta que as lentes parem a progressão da doença.

    • Cirurgias estão indicadas em situação de não adaptação com lentes de contato ou em caso de progressão bem documentada.

    • O implante de segmentos de anel estromal é uma das alternativas mais eficazes por tratar-se de um procedimento relativamente reversível e ajustável com o objetivo de adicionar material e melhorar a arquitetura da córnea.

    • Outros procedimentos como a ablação terapêutica personalizada com excimer laser e o implante de lentes intraoculares podem ter indicações específicas.

    • O crosslinking (promoção de ligações covalentes no colágeno) é eficaz para parar a progressão da doença em mais de 95% dos casos, mas menos de 40% apresenta melhora da visão com este procedimento.

    Dr. Renato Ambrósio Jr  | Fontewww.tudosobrerefrativa.com.br

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