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- 18 ago 2023
A retinopatia diabética é uma doença complexa e progressiva que afeta os vasos sanguíneos dos olhos, em decorrência do diabetes. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), o problema é responsável por 4,8% dos 37 milhões de casos de cegueira devido a doenças oculares em todo o mundo, isto é, cerca de 1,8 milhão de pessoas.
Dados do Atlas IDF 2017 apontam que a proporção de cegueira causada por retinopatia diabética varia entre 0-1% na África, 3-7% em grande parte do Sudeste da Ásia e 15-17% nas regiões mais ricas das Américas e Europa. Pelo menos 425 milhões de pessoas em todo o mundo têm diabetes. A previsão é que o número de portadores da doença cresça em 50% até 2045, alcançando a marca de 629 milhões.
A retina é uma membrana localizada na parte posterior do olho, responsável por transformar o estímulo luminoso em estímulo nervoso que é, então, enviado para o cérebro, onde se forma a imagem. A alta concentração de glicose no sangue – como ocorre no diabetes – causa alterações na estrutura dos vasos sanguíneos da retina. Com o tempo, essas alterações podem provocar o rompimento desses vasos, com liberação de sangue e fluidos que podem interferir diretamente na visão.
Existem duas formas de retinopatia diabética: não proliferativa e proliferativa. Na retinopatia não proliferativa, podem haver dilatações e obstruções nos vasos que alimentam a retina com nutrientes e oxigênio, e até mesmo hemorragias, mas ainda é a forma mais leve da doença. Já o segundo caso surge quando a doença dos vasos sanguíneos da retina progride, ocasionando a proliferação de novos vasos anormais, chamados “neovasos”.
O mais importante é manter o diabetes sob controle, por meio de alimentação balanceada, medicação recomendada, controle da glicose e da pressão arterial. Isso diminuirá as chances de complicações na visão. Além disso, é obrigatório que pacientes diabéticos realizem acompanhamento oftalmológico periódico, para detectar qualquer alteração.
“O mais importante é manter o diabetes sob controle, por meio de alimentação balanceada, medicação recomendada, controle da glicose e da pressão arterial. Isso diminuirá as chances de complicações na visão.”
Os sintomas da retinopatia diabética são progressivos e lentos, o que faz com que, em muitos casos, a doença seja descoberta apenas em estágios mais avançados. O primeiro sinal é visão embaçada, seguida de manchas turvas no campo visual. Aos poucos, a visão começa a ficar cada vez mais turva, podendo caminhar para uma hemorragia nos vasos sanguíneos dos olhos.
Além do diabetes, outros fatores contribuem para o surgimento e agravamento da doença. Segundo o CBO, existem estudos clínicos que comprovam que o bom controle do diabetes, da hipertensão, da dislipidemia e do tabagismo reduz significativamente o risco de desenvolvimento da enfermidade ocular.
Ainda conforme orientações do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, o tratamento da retinopatia diabética deve ser realizado por oftalmologistas especializados em retina e vítreo. Por isso, as decisões tomadas por cada país devem ser adaptadas aos seus recursos, às expectativas sociais e à infraestrutura sanitária disponíveis. Para um serviço eficaz de prevenção e tratamento, é necessária a disponibilização de serviços médicos adequados.
Segundo a Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV), quando o tratamento é feito precocemente, 95% dos pacientes conseguem recuperar completamente a visão. Em casos mais graves, é preciso recorrer ao tratamento a laser, que coagula os locais em que o vaso está desgastado, acompanhado de medicação antiangiogênica. Em último caso, quando há hemorragia ou descolamento da retina, é realizado a cirurgia de vitrectomia, capaz de recuperar todas as partes prejudicadas do olho.
As recomendações da SBRV para detecção da doença são as seguintes: exame de fundo de olho, oftalmoscopia indireta e biomicrospia da retina. Para o acompanhamento dos casos, a sugestão é manter o controle glicêmico, pressórico e lipídico. Em pacientes diabéticos, o acompanhamento oftalmológico deve ser programado e rigorosamente cumprido, a fim de que a retinopatia seja tratada de maneira correta e antes que surjam sequelas irreversíveis. Frequentemente, mesmo pacientes com retinopatia diabética proliferativa grave podem ser assintomáticos, sendo fundamental que sejam feitas avaliações oftalmológicas periódicas.
“Segundo a Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV), quando o tratamento é feito precocemente, 95% dos pacientes conseguem recuperar completamente a visão.”da retina, é realizada a cirurgia de vitrectomia, capaz de recuperar todas as partes prejudicadas do olho.
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Fonte: Veja Bem – CBO em Revista